sábado, 21 de março de 2009


Ser livre pesa.
Peso rançoso da angústia indefinível de diariamente ter que reinventar ilusões e narrá-las para mim mesma.
Olho pros lados, além de calhamaços de papéis em desalinho e levas de palavras flutuantes, nada me faz companhia. Nada nunca me acompanha. Meu é ritmo é lento e as melodias que compus mentalmente estão fora de moda.
Nasci com atraso de algumas décadas e milênios se passam diante dos meus olhos cansados de tanta mesmice. Quero transcender essa esfera sufocante e transferir minhas inquietações para um mundo próprio, onde eu não seja inquilina de uma racionalidade que não me convém.
Eu escolho caminhos longos e eles não me levam ao que você espera de mim.
Não, não me espere. Não criarei atalhos, não busco pela sua satisfação óbvia.
Tento focar num ponto menos vago desse trêmulo horizonte que instintivamente escolhi pra ser meu.
Para que me perder mais e mais ao tentar definir o vazio que me preenche?

Gosto dele, sem ao menos saber se algum dia ele gostou de estar em mim.

Sim, permaneço insistindo nessa verbalização do nada por ter sido essa a única forma de agradecer humildemente pela companhia que ele me faz.
Acompanhar-me, suportar minha ânsia de auroras e crepúsculos.

Abrigo em mim tanta gratidão e carinho que os distribuo em sorrisos lacrimais que dedico à estranhos nas ruas, às flores murchas nos jardins, às folhas amareladas pelo outono que amorna minha alma aflita.
Aos tropeços, descaminhos e atalhos... que eu ande, ande e ande. Aconchegando uma dor que é só minha.
Todo sofrimento é vida embotada e eu aguardo meu desabrochar.

Um comentário:

  1. olá.

    seu texto é livre e cruza as cabeças como aquela mosca sem asas que ultrapassa as janelas de nossas casas, tal qual disse o Skank.

    acho que vamos ter de esclher um desses teus textos para veícular no http://e-blogue.com/blogs/ conhece?
    é um espaço bacana que divulga tudo que de melhor é produzido na internet, que tal?

    sorte e luz, escreve muito, mesmo.

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